Capitão Antônio Pereira (1889 - 1981) Foto: Jornal do Brasil, 1979
Nascido no dia 11 de maio de 1889, em Timbaúba, Zona da Mata de Pernambuco, Antônio Pereira da Silva, filho de lavradores pobres criou-se no Recife, bairro da Mustardinha, onde viveu com a mulher e dois filhos adotivos. Foi operário, pedreiro e funcionário da Companhia Ferrocarril, que no início do século explorava na capital os serviços de bondes puxados a burro.
Aos 16 anos, começou a "tomar cachaça e dançar em bumba-meu-boi". Logo desejou ter seu próprio grupo, "para entreter o povo e me entreter também". Arranjou 45 mil réis emprestados e comprou o acervo do bumba de "seu" Eurico, que se apresentava no bairro de arreias. Armou uma espécie de circo no seu bairro e cobrando 500 réis de entrada por pessoa, rapidamente pagou a dívida, iniciando uma carreira profissional de sucesso.
- Já bati o mundo todo com esse negócio.Tá firmado em todo o mundo.
O "mundo todo", para o Capitão Antônio Pereira, são as fronteiras do nordeste oriental, alargadas até a Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Aí, ele se apresentou em teatros, praças, recintos de congresso jurídicos e até na Universidade Gama Filho.
Outra fonte de renda, além das esporádicas apresentações do autor para orgãos de turismo, é a fabricação de miniaturas do Boi e outras figuras, réplicas perfeitas, de 30 centímetros de altura, em armação de madeira e pano. Foi casado três vezes e "11 vezes amasiado", teve quatro filhos legítimos, dois adotivos "e uma porção pelo mundo afora". As mulheres e a brincadeira preencheram sua viva: "mulher a gente arranja sem querer. Sempre teve mulher de sobra no mundo". E a dança, o canto, o representar são sentido único de sua existência.
Sobre ele e sua vida, Hermilo Borba Filho escreveu uma "louvação", pouco antes de morrer: "Lá vem ele, com todo o passo de mulatas, cocos, noitadas, sarapatéis, arruaçadas, lá vem ele com a madrugada na mão e a aurora na cabeçâ".
Bincando ele viveu, pois brincadeira é o nome que o povo dá à atividade do bumba-meu-boi, uma brincadeira onde expressa seu cotidiano, sua história fragmentada, seus temores, sua violência sem alvo, sua submissão ou sua ironia.
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